A pesca está parcialmente proibida. É piracema

Na última terça-feira, dia 1º, iniciou o período da Piracema, que termina no final de fevereiro de 2023. A pesca está proibida para várias espécies de peixes. Enquanto outras estão liberadas.
Durante este período fica proibida a pesca em lagos e rios. A medida ocorre na época de reprodução de peixes com o objetivo de impedir a pesca predatória e contribuir com a preservação das espécies.
Alguns pescadores, principalmente os esportivos, têm dúvida sobre quais espécies ficam proibidas fisgar nesse período. E a dúvida se justifica.
Durante o defeso, pescadores profissionais e amadores podem capturar espécies alóctones, que são aqueles peixes que vieram de outras bacias hidrográficas do Brasil. Também é permitida a pesca de peixes exóticos, que vieram de outro país. Entre as espécies não-nativas encontradas nos rios de São Paulo estão o porquinho, o apaiari, o tucunaré, a curvina e até o pirarucu. O pescador também pode capturar durante o período de defeso, espécies que se tornaram comuns por aqui e que vieram da África: a tilápia e o bagre africano.
No Mato Grosso, o Conselho Estadual de Pesca (Cepesca) antecipou o início do defeso em um mês. No estado, o período de proteção começou em outubro e deve terminar antes, no dia 02 de fevereiro.
Já nos outros estados, a proibição da pesca de peixes nativos começa agora em novembro e vai até o fim de fevereiro. No estado de São Paulo, pescador profissional não tem cota para pescar espécies não-nativas, já o amador pode pegar até dez quilos por dia, mais um exemplar. É importante ficar atento a carteirinha de pesca, que é uma licença emitida pela Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Defeso é para proteger espécies nativas
Em 1967 foi criado o Código de Pesca, entre as medidas, uma das mais importantes foi a determinação de um período de defeso para proteger os peixes nativos nesse momento de vulnerabilidade. “A piracema é a época em que as espécies estão se deslocando e gastando muita energia para se reproduzir, um período crítico. Se esses peixes nativos não forem protegidos, dificilmente vão conseguir se perpetuar por muitos anos”, explica Domingos Garrone Neto, coordenador do Laboratório de Ictiologia e Conservação de Peixes Neotropicais do Campus da Unesp em Registo, São Paulo.
A natureza dá “sinal” para a reprodução
Piracema significa “a subida dos peixes”. É um período em que os cardumes nadam contra a correnteza, para realizar a desova.
Mas de que forma os peixes sabem a hora certa de subir o rio? No hemisfério Sul, o período de reprodução acontece no verão, período em que os dias ficam mais longos, tem mais luz e a temperatura do ambiente sobe. As chuvas aumentam o nível dos rios e a água fica mais turva. “Todos esses fatores ambientais nós chamamos de gatilhos. Eles deflagram esse movimento dos peixes rio acima. Algumas espécies precisam migrar milhares de quilômetros para atingir os lugares de desovas, para depois retornarem para os lugares de alimentação.