Edinho Araújo fala dos 25 anos da Ponte Rodoferroviária completados no dia 29 de maio

“Ponte rodoferroviária fez fim de linha virar portal de entrada para circular nossas riquezas” Edinho Araújo

A Ponte rodoferroviária que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul completou 25 anos no dia 29 de maio de 2023. A data foi lembrada pelo ex-prefeito de Santa Fé do Sul, Edinho Araújo; hoje, prefeito de São José do Rio Preto. Em artigo exclusivo para o Jornal Regional ele lembra um pouco da luta travada para a conquista da obra. Edinho foi o principal responsável para que o sonho de muitos se tornasse realidade. Como ele mesmo diz, foram 28 anos de luta e perseverança até ver a Ponte rodoferroviária ligando os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul concluída.

Os 25 anos da Ponte

Em um chuvoso e histórico 29 de maio de 1998, um sonho virava realidade, transformando o que parecia fim de linha em portal de entrada para a circulação de riquezas nacionais. Com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, era inaugurada a Ponte Rodoferroviária sobre o rio Paraná, com seus 25 pilares de concreto, sustentados por 198 tubulões cravados quatro metros em rocha, com concretagem submersa.

Depois de 28 anos de muita luta e perseverança, testemunhávamos a transição da era das balsas para o vaivém de veículos e enormes trens de carga fazendo pulsar a força do agronegócio. Estavam criadas as condições para, desde então, agilizar o escoamento da produção do Brasil central e fomentar o desenvolvimento do País, ligando os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Recordo-me que, desde os tempos de líder universitário, nos mobilizávamos em defesa da ponte. Em julho de 1971, representando a União Acadêmica Mahatma Gandhi, de Santa Fé do Sul, fui recebido pelo ministro dos Transportes, Mário Andreazza, a quem falei sobre a importância da obra. Nos anos seguintes, a luta viraria um marco de resistência na minha vida pública.

Ninguém faz nada sozinho, e com a ponte não foi diferente. Entre os baluartes do sonho realizado, destaco a abnegação do deputado federal Roberto Rollemberg e a figura expoente do deputado mato-grossense Vicente Vuolo. Com justiça, a propósito, eles dão nome à ponte, Rollemberg à travessia rodoviária e Vuolo à ferroviária.

Imprescindível nessa conquista foi a qualidade de visionário de Edison Freitas de Oliveira, prefeito de Jales em 1969 e mais tarde governador do Mato Grosso, além da decisiva participação da Amop, a Associação dos Municípios do Oeste Paulista. Toda mobilização, porém, não teria o mesmo efeito sem a ampla cobertura da imprensa regional, que assumiu a causa e apoiou incondicionalmente a nossa luta.

O projeto ganhou impulso em abril de 1988 com a visita do presidente José Sarney a Jales, numa festa política com a presença de oito ministros, três governadores, dezenas de deputados estaduais e federais e 150 prefeitos. O sonho da ponte subiu de patamar com a entrada em cena do empresário Olacyr Moraes, o “rei da soja”, e seu projeto de construção da Ferronorte.

Aos poucos se multiplicavam os pilares, numa parceria de investimentos entre São Paulo e o Governo Federal. No início de 1992, o canteiro de obras tinha 720 funcionários, subindo para 1.500 em abril. Enquanto isso, na condição de deputado federal, eu fazia via-sacra por gabinetes de ministérios e junto aos colegas parlamentares para evitar que a obra fosse paralisada.

Nas centenas de tentativas de convencimento, levamos muitos líderes para passear no barco Professorinha, no rio Paraná, e mostrar o local onde seria construída a ponte. Era o esforço de todos aqueles que sabiam o quanto a obra era fundamental. Em maio de 1998, enfim, estava concretizado um sonho antigo, há anos compartilhado por moradores, agropecuaristas, motoristas de carros, caminhões e ônibus acostumados a fazer filas nas balsas.

No palco da inauguração, pude ouvir Fernando Henrique dizer: “O Edinho certamente está se recordando dos dias em que sonhávamos com a ponte, porque há muitos anos estamos conversando sobre essa obra, comparável a poucas no mundo”. As portas do progresso estavam escancaradas. De fim de linha do Estado, a ponte passou a ser portal do escoamento de riquezas brasileiras.

EDINHO ARAÚJO
Prefeito de São José do Rio Preto e presidente da Região Metropolitana do Noroeste Paulista.