No domingo é comemorado o Dia das Mães. Nos dias de hoje muito se fala dos relacionamentos e desafios entre os filhos e suas mães. Para falar sobre o assunto o Jornal Regional entrevistou a psicóloga Daniela Yumi Kobayashi que respondeu a várias perguntas de como lidar de questões como culpa, comunicação, fortalecimento de vínculo entre as mães e filhos, entre outros assuntos. Veja a entrevista completa:
1- Nome completo:
Daniela Yumi Kobayashi
2- Há quantos anos exerce a profissão de psicóloga?
Me formei em Psicologia no início desse ano, mas atuo como Assistente Terapêutica em intervenção precoce desde 2019.
3- Quais são os principais desafios que as mães enfrentam no relacionamento com seus filhos?
Acredito que um dos maiores desafios é a falta de conectividade, uma vez que são de épocas diferentes e os filhos tem um contato maior com os amigos. Por esse motivo que as mães precisam cultivar um lar de paz, para que o filho não procure no mundo o que falta em casa.
Outra dificuldade frequentemente apresentada, diz respeito aos limites. Algumas mães acabam privando os filhos de errarem e se frustrarem, no entanto, a criança precisa cair e aprender, para saber o nível da própria força e reconhecer que ela pode passar pela dor; é assim que eles entendem seus limites e conseguem autonomia e confiança para se tornarem adultos mais seguros e conhecedores de si.
4- Como lidar com questões como culpa, estresse e autoexigência que muitas mães enfrentam ao equilibrar as demandas da maternidade com outras áreas da vida?
Para diminuir ou cessar esses sentimentos, é preciso estar presente de verdade em cada ação.
Quando se está com os filhos, esteja inteiramente com eles. Quando se está no trabalho, esteja focada ali.
Fazer bem cada uma das coisas de maneira ordenada.
5- Qual é a importância da comunicação aberta e da empatia no relacionamento entre mãe e filho?
O diálogo é imprescindível, os filhos devem se sentir confortáveis e seguros, e entenderem o lar como refúgio. No entanto, é preciso diferenciar uma comunicação clara e assertiva, do que se abrir sobre tudo o que a mãe está passando, suas angústias. No primeiro caso, você explica as consequências e os ajudem a pensar na motivação de suas ações, no segundo, compartilha coisas que eles ainda não têm entendimento e nem precisam opinar -o que pode, inclusive, prejudicar a autoridade da mãe (ou qualquer responsável) sobre o filho.
É muito prejudicial que se confunda a relação materna (e paterna também) com amizade. As crianças precisam de limites e entender que vocês os ajudam nas escolhas agora, até que sejam capazes de medir o mundo por si.
6- Quais são algumas estratégias eficazes para fortalecer o vínculo entre mães e filhos?
Como em qualquer relacionamento, requer interesse pelo outro, e tempo de qualidade juntos. Podem fazer passeios, tempo de leitura antes de dormir, pedir que os ajudem na cozinha, em serviços fáceis de limpeza – de acordo com a idade e capacidade de cada um (isso aumenta inclusive a autoestima e confiança deles desde pequenos, pois se sentem úteis e mais inseridos e comprometidos com a família e a casa).
Mas isso tudo não precisa ser algo extraordinário, fora da rotina. É necessário que cotidianamente consiga ter esses tempos de olho no olho, presença sem a interrupção de aparelhos eletrônicos. Estejam inteiramente com eles nesses momentos, ainda que sejam alguns minutos por dia, é preciso encher o potinho de amor deles.
Também é importante que os filhos conheçam um pouco da história da família, e que haja coerência entre o que é dito/pregado e o que eles vivenciam.
7- Como promover um ambiente familiar saudável que favoreça o desenvolvimento emocional e social das crianças, ao mesmo tempo em que permite às mães cuidarem de si mesmas?
Todas as sugestões anteriores, colaboram para um ambiente familiar saudável. Somado a tudo isso, é necessário que a mãe entenda que o autocuidado é de extrema importância; não como fim em si, mas para que ela esteja bem disposta física e psicologicamente para atender as demandas como esposa, mãe, profissional, amiga, nas relações sociais.
8- Quais são os sinais de alerta de problemas emocionais ou comportamentais em crianças que as mães devem estar atentas, e como buscar apoio profissional quando necessário?
Qualquer sinal de atraso no desenvolvimento de qualquer área, dificuldade de interação social, dificuldade em lidar com as emoções, isolamento, irritabilidade excessiva, desregulação do sono, diminuição ou aumento na ingestão de alimentos, não querer fazer ou brincar com as coisas que gostava.
Nas consultas regulares ao pediatra, deveria ser levantado esses pontos. No entanto, se observar qualquer sinal ou sintoma que esteja prejudicando a família, rotina e/ou funcionalidade da criança, deve se procurar um especialista na queixa observada, que se necessário fará pedido de avaliações e exames.